O título é uma passagem bíblica e muito válida para os tempos atuais. Em um famoso seriado americano chamado “Arquivo X” era comum o personagem principal falar “A verdade está lá fora”. Entendo o que o personagem da série queria dizer. A sua verdade, sem ter total contato com a maior parte dos fatos – que geralmente estão no mercado, na rua – não é tão real assim. Existirão muitas distorções e talvez você enxergue o seu mundo (a sua verdade) de uma maneira perigosa, com pouca informação para uma decisão segura e assertiva. Eu poderia mudar o título do artigo para “a realidade o libertará”. E, neste ponto, enxergar bem a realidade, que reside a reflexão que trago.
Dificilmente conseguimos enxergar bem a nossa realidade. Como seres humanos que somos, temos uma grande vocação em repetir velhas decisões que já nos deram algum prazer, por terem dado algum resultado que consideramos satisfatório, no mínimo. E isso, nas empresas, forma uma teia gigantesca de um modus operandis, que rotulamos muitas vezes de cultura, mas na verdade é “aqui as coisas funcionam assim, meu. Melhor tu te endireitar!” De acordo com Mariano José Pereira da Fonseca, “A ignorância não duvida porque desconhece que ignora”. E talvez esta humildade de novamente ser um aprendiz que falta para muitos decisores. Acostumados com um “aquário” antigo, não viram que foram trocados, estão ao lado de novos peixes em um outro habitat. Trazem elementos que nunca foram validados, mas sempre foram repetidos, até parecerem verdades. Ignoram os fatos mesmo que eles estejam batendo a sua porta. “O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende”, ensina Étienne Pascal, matemático francês. Parece que muitos preferem perder defendendo a sua posição do que ganhar apostando em uma ideia nova, que não seja sua. Por que ignorar e negar tanto a realidade? Pode ser diferente.
Mas para esta mudança, a disposição de compreender o novo aquário deverá ser total. Um amplo desprendimento das coisas que nos trouxeram até aqui. Uma aproximação com o usuário final, independente de tipo de loja que hoje operam as suas marcas. Aprender a entender o consumidor final será como aprender uma nova língua. E como diz o provérbio eslovaco, “A cada nova língua aprendida se adquire uma nova alma”. Quantas almas você quer carregar com você? Eu quero carregar muitas. Ir ao mercado, abrir as fronteiras, permear o contexto, irá lhe trazer mais ideias do que você será capaz de lidar. E isso significa novas conexões e um aumento de oportunidades, alternativas e da probabilidade de novos resultados. John Steinbeck, escritor americano, disse certa vez: “Ideias são como coelhos. Você compra um casal, aprende a lidar com eles, e logo tem uma dúzia”. Neste momento eu estou lhe entregando seu primeiro coelho.
Vá ao mercado e encontre o seu par, uma nova ideia. E cuide deles por um tempo. Logo você terá uma criação de novas ideias. “Prepare seus dias com esforço – esforço de sobra”, como fazia Thomas J. Watson. A paixão contamina e sinto que estamos precisando um pouco mais disso no nosso dia a dia. Aquários novos, línguas novas, esforço novo, esforço de sobra, tudo isso feito com muita paixão. Assim tem solução e você verá que a verdade e a realidade bem observada, realmente lhe libertarão dos baixos resultados. Acordar a cada dia com a juventude manifestada no poema Youth, de Samuel Ullman: “A juventude não é uma época de vida; é um estado de espírito. Os anos podem enrugar a pele, mas o abandono do entusiasmo enruga a alma. Tenha 16 ou 70 anos, há no coração de cada ser humano a sedução da surpresa, o inesgotável apetite pueril pelo que vem pela frente e o deleite do jogo que é viver”. Temos energia, estamos navegando e temos que mudar o rumo em plena tempestade.
Goste de estar vivendo esta época e trabalhe duro para se diferenciar, melhorar sua equipe e afiar o machado das vendas. Amyr Klink já dizia “Na crise em alto-mar, ninguém dorme até resolver o problema”. Está na hora de passar algumas noites em claro, mas segurando o leme em direção a um novo destino.